A cultura política favorece a formação de capital social, que amplia a ação coletiva, ou seja, uma sociedade com valores de associativismo e confiança teria maiores chances de desenvolver uma governança democrática, o que teria resultados melhores para a própria atividade econômica.
O neoinstitucionalismo defende que as instituições, vistas como as “regras do jogo”, são necessárias com o intuito de limitar aas decisões individuais que poderia levar à contrafinalidade, ou seja, a uma situação que é ruim para todos. Portanto, temos dois fatores importantes para a ação coletiva: a cultura política e as instituições. E são esses mesmos fatores que são apontados como preponderantes para o nível de corrupção de uma determinada sociedade.
A incidência de corrupção varia enormemente entre as sociedades, de rara até sistemática, com alguns países em desenvolvimento tendo menos incidentes com corrupção do que algumas nações desenvolvidas. Por outro lado, a pesquisa comparada sugere que as práticas corruptas são geralmente mais difundidas e mais sistematicamente enraizadas em várias partes do mundo em desenvolvimento do que no Ocidente industrializado. Essa generalização sugere que a corrupção pode ser mais endêmica nos países pobres, não democráticos ou politicamente pequenos, questiona se os atributos culturais podem de fato explicar ao menos parte da variação no nível de corrupção entre e dentro das regiões do mundo, especula se a corrupção pode ser atribuída a fatores sociais, econômicos e políticos identificáveis, que podem ou não ser independentes da cultura, ou se a cultura interage com essas variáveis estruturais de uma maneira previsível.
A corrupção parece ter aumentado em alguns países apesar de transições em direção ao liberalismo econômico e político. Encontram-se evidências que sugerem que a corrupção parece estar crescendo nos países ex-comunistas depois da instalação de regimes democráticos e de economias de mercado. Desse modo, ainda que alguns pesquisadores tenham permitido que “seus” países ou regiões são casos excepcionais, a corrupção dificilmente é um problema exclusivo dos países em desenvolvimento ou das economias em transição. Na verdade, nenhum país no mundo foi poupado de seus efeitos nefastos.
Por Paulo Victor Bragança
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